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Dando continuidade sobre o evento Planejando Flores da Cunha no qual comentei anteriormente, esta semana recebemos um artigo elaborado pela minha amiga, sim aquela que no inicio do texto do post anterior, participou junto comigo deste evento. Seu nome é Mirela Ampezzan, arquiteta formada na UFRGS, natural de Antônio Prado / RS mas morando com a sua linda família a cerca de 8 anos em Flores da Cunha / RS.

Segue abaixo o seu texto:

PORQUE MORO EM FLORES?

Sou arquiteta e moro com a minha família, em Flores da Cunha / RS faz 8 anos. Por várias vezes pensei em morar em Caxias do Sul / RS porque a maioria dos meus clientes é de lá e seria muito mais prático para mim morar na cidade vizinha.

Mas optei por “Flores”. Por quê?  Pelas vantagens de cidade pequena: o custo de vida é menor, as distâncias são menores, as pessoas se conhecem mais, as crianças tem mais autonomia, ainda podem andar sozinhas com relativa segurança. Também não é tão pequena quanto Nova Pádua / RS ou Nova Roma / RS, que oferece uma quantidade de serviços reduzida. “Flores” tem uma rede de serviços básicos razoáveis como hospital, cursos, escolas, lojas, etc. e a qualidade de vida em geral é muito boa!

Quando eu participo deste tipo de encontro, planejando a cidade para o futuro, eu penso no meu futuro aqui. Acho que brevemente terei que me mudar. Vejo as pessoas que estão lá, sinceramente, com boas intenções, querendo que a cidade cresça. Mas me pergunto sobre esta idéia de crescer indefinidamente. Vejo o grupo que elaborou as propostas do desenvolvimento sócio econômico pensando em trazer mais indústrias, com incentivos, etc.

Claro, estão pensando na arrecadação de impostos para que tenhamos recursos financeiros para realizarmos uma quantidade significativa de projetos, afinal precisamos de dinheiro prá realizar os projetos sugeridos pelo demais grupos de trabalho, por exemplo, da educação, lazer, cultura, saúde e planejamento urbano. Mas uma coisa leva a outra: mais indústrias, mais arrecadação… mas mais população, mais necessidade de aumentar os serviços nos postos de saúde, mais escolas e creches, mais loteamentos e desmatamentos, mais esgoto, mais água, mais ruas, mais , mais, mais……

Porque estas pessoas que tem o poder nas mãos, os meios de realmente mudar alguma coisa, não fazem em primeiro lugar as seguintes perguntas:

  • AONDE QUEREMOS CHEGAR?
  • O QUE QUEREMOS SER COMO CIDADE?
  • QUE TAMANHO VAMOS ATINGIR?

Eu como moradora que escolheu Flores da Cunha, não quero morar em uma cidade como Caxias do Sul, não quero que “Flores” seja grande. Prá que um crescimento em tamanho? Quero sim melhorar a qualidade da vida aqui. “Flores” não é perfeita. É um pouquinho melhor que a maioria das cidades brasileiras. Faltam praças com brinquedos seguros, com árvores de sombra, com paisagismo de bom gosto, falta lugar pras crianças brincarem, as ruas não são seguras, falta priorizar os pedestres no lugar dos carros, faltam cafés prá passear nos sábados á noite, faltam lugares pra andar de bicicleta, faltam programas culturais, falta um parque, faltam muitas coisas que vemos nas cidades européias pequenas.

Enfim vamos ter boas idéias, parar de pensar só em indústrias para conseguir arrecadação, talvez pequenos empreendimentos como turismo permanente, aproveitando a paisagem linda e a população simpática e trabalhadora. Sei lá o que mais poderia ter. Quando organizamos encontros como este: ”Planejando Flores da Cunha”, os trabalhos deveriam ser conduzidos de modo a fazer as pessoas pensarem de forma diferente, abandonarem essa visão arraigada de crescimento indefinido. Deveríamos buscar exemplos um pouco mais distantes, talvez olhar para as cidades italianas, francesas, alemãs, que querem permanecer pequenas, que tem orgulho de serem pequenas, onde isto não é sinal de atraso, mas sim de qualidade de vida.

É…dentro em breve “Flores” vai ser “grande”, como Caxias do Sul, aí terei de me mudar!